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Ora, no seguimento da publicação que fiz sobre qual a lógica da subida das taxas de juro feita pelo BCE, em que referi que não percebia a lógica do aumento num momento em que a banca está, de novo, numa situação de fraqueza, fui procurar respostas ao estudo da cadeira de Economia e ainda dar uma espreitadela pela imprensa e tentar perceber quais os fundamentos/argumentos usados pelo BCE para justificar a subida das taxas.

Assim, tudo começa pela justificação de que o aumento das taxas visa combater a inflacção que nos afecta actualmente. 

Em qualquer economia de mercado é normal que exista uma oscilação no preço dos bens. Só assim o mercado funciona como tal, permitindo ao consumidor a procura do bem que tenha a melhor relacção preço/qualidade de acordo com aquilo que procura. Ora esta oscilação acontece e é vista bem a bem.

Quando se fala em inflacção, aquilo que se verifica é um aumento geral do preço dos bens, que vai muito além das "simples" regras do mercado. Como resultado dessa subida do preço de todos os bens, o poder de compra do consumidor é reduzido, pelo que se pode entender que exisitrá, em consequência, uma desvalorização da moeda (aquilo que se comprava antes com X euros, actualmente já não é possível).

Esta inflacção, segundo os entendidos, existe pelo efeito cumulativo de 3 situações:

  • disrupção de algumas cadeias produtivas - resultante das restrições impostas durante os tempos de pandemia, o que provocou restrições relativamente à oferta (a oferta diminui levando a que, mantendo-se a procura, o preço sobe);
  • pressão do lado da procura - as restrições impostas em tempos de pandemia permitiram que as famílias conseguissem poupar algum dinheiro, pelo que agora, na procura do consumo, leva a um aumento da procura (o que, mantendo-se ou diminuindo a oferta, provoca um aumento dos preços);
  • restrições de oferta de algumas matérias-primas - tem a sua origem na guerra que se iniciou em Fevereiro de 2022, entre Rússia e Ucrânia. Reduzindo-se a oferta das matérias-primas, aplica-se os mesmos princípios que ao do consumo final, desta feita provocando aumentos no valor final do bem produzido.

Consideram ainda os especialistas que as próprias actualizações salariais têm impacto no preço final dos bens. As empresas vai imputar aos consumidores o valor das acrualizações aos seus trabalhadores através de um aumento nos preços.

O argumento usado pelo Banco Central Europeu para o aumento das taxas passa pela ideia de que:

  • aumentando os custos dos empréstimos bancários, as famílias vejam reduzido o seu poder de compra, provocando uma retracção na procura;
  • a desaceleração económica provocada irá causar desemprego, o que permite aumentar a força negocial das entidades patronais relativamente à (não) actualização salarial, reduzindo-se, assim, a pressão.

Como só quis perceber a lógica do BCE quanto às motivações do aumento das taxas de juro, fico-me por aqui e não vou abordar as políticas do governo neste mesmo contexto.

Portanto, e resumindo: o argumento que o BCE usa é o de que provocando o empobrecimento e favorecendo o desemprego, tal irá fazer diminuir a pressão existente relativamente à procura, reduzindo-a, levando a que as empresas tenham de baixar preços, o que provocará uma redução na inflacção. Ou seja, subjaz a ideia de que empobrecendo os cidadãos, a inflacção irá reduzir.

E é isto, números. Esquece-se o factor humano. Esquece-se o quadro familiar de um casal a querer alimentar os filhos e não poder porque a política salvadora é a de que esse casal fique desempregado (o que determinará a existência de medidas de apoio estatais às famílias carenciadas, medidas essas que a senhora Christine Lagarde também quer eliminar - porque manterá o empobrecimento).

Vamos ver se resulta... e a que preço.

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publicado às 11:18



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